A aplicação do ultrassom na punção venosa
A ultrassonografia, também conhecida como ultrassom é um exame confiável e seguro, que se baseia na emissão de ondas sonoras, portanto, não há exposição do paciente ou do profissional à radiação, não havendo contraindicações absolutas para a sua realização. Por isso é um dos principais métodos complementares que podem ajudar no diagnóstico do paciente, em razão da sua vasta área de atuação nas diversas especialidades médicas. É um recurso que pode ser utilizado tanto no ambiente ambulatorial como na urgência, para complementar a avaliação clínica e cirúrgica.
Neste cenário, atualmente o uso do ultrassom vem sendo amplamente difundido nos centros de terapia intensiva, centro cirúrgico e ambiente pré-hospitalar, a fim de auxiliar nas punções venosas, sejam elas periféricas ou centrais, com a finalidade máxima de reduzir riscos ao paciente a garantir maior assertividade do procedimento com segurança.
Cateter CVC
O cateter venoso central (CVC) é atualmente definido como todo dispositivo vascular com ponta posicionada no terço distal da veia cava superior (acima da sua junção com o átrio direito) ou em veia cava inferior, no caso de inserção nos membros inferiores. Sua utilização se dá principalmente no paciente crítico, que apresenta alta necessidade de administração de soluções intravenosas que, quando infundidas em acessos periféricos, com uso de cateteres de curta permanência, não oferecem segurança ou confiabilidade, tais como soluções hiperosmolares, irritantes e vesicantes.
Como mencionado acima, nos centros de terapia intensiva, onde o paciente crítico possui grande comprometimento de sua rede venosa, o uso do cateter venoso central torna-se imprescindível na manutenção do cuidado desse paciente, portanto a sua inserção de forma mais rápida, segura e eficaz, cada vez mais é almejada entre os profissionais, afim de se obter principalmente a segurança do paciente.
Tradicionalmente a punção do acesso venoso é realizado de forma obscura, “as cegas” e guiada por meio de estruturas que servem como referência anatômica. Porém, tornou-se um tema amplamente debatido nos últimos tempos devido à quantidade de incidentes e complicações obtidas através da sua realização, acarretando grandes prejuízos para os pacientes. Por tudo isso, a recomendação da utilização do Ultrassom como guia à prática do acesso venoso, tem sido uma importante ferramenta complementar no cuidado do paciente, visando assim promover uma melhor eficácia e segurança.
Benefícios da utilização do ultrassom na punção
Dentre os benefícios encontrados na utilização do ultrassom para a punção do acesso venoso, seja ele periférico ou central, temos menos tentativas de punções, agilidade no procedimento, menor índice de complicações como pneumotórax, tamponamento cardíaco, embolia e lesão vascular, além do favorecimento de melhor visualização das estruturas anatômicas.
Diante dessa realidade torna-se estritamente necessário o treinamento de toda equipe não só com as técnicas de punções específicos para cada tipo de cateter e paciente, bem como com o correto manuseio dos equipamentos de ultrassom para essa finalidade. Importante destacar que para esse tipo de procedimento o modelo mais utilizado do ultrassom é o portátil, pois possui tamanho adequado, é leve, versátil e pode ser facilmente transportado e utilizado em vários ambientes, além de garantir alta qualidade de imagem, ergonomia ao profissional e tecnologias avançadas com softwares específicos como, por exemplo, o software de visualização de agulha, capaz de orientar os profissionais em sua punção mais assertiva, oferecendo menor tempo de procedimento e agilidade na execução do trabalho.
Aspectos legais da punção através do uso da ultrassonografia
Os resultados obtidos com a utilização do ultrassom nas punções venosas demonstram que a inclusão do ultrassom provoca melhorias em diversos âmbitos. Diante disso, tornou-se um dispositivo imprescindível não só na prática médica, mas também na prática da enfermagem, onde oferece à esses profissionais a oportunidade de realizar determinados procedimentos conferindo maior confiabilidade.
O uso da ultrassonografia para punção venosa é regulamentado no Brasil pelo Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), onde a utilização desta tecnologia é exclusiva do enfermeiro. Quanto ao aparelho de ultrassonografia, há uma diversidade de modelos disponíveis no mercado, entretanto para punção vascular é necessário que o equipamento possua um transdutor linear de alta resolução, e que opere em uma frequência mínima entre 5 e 15MHz. Há equipamentos de ultrassom compactos e programados para punção vascular, o que facilita seu manuseio.
Resolução Nº 679/2021
O COFEN, através da resolução Nº 679/2021 aprova a normatização da realização de Ultrassonografia à beira leito e no ambiente pré-hospitalar por Enfermeiro. Sendo privativo do Enfermeiro, no âmbito da equipe de enfermagem e para o exercício da atividade prevista na resolução, deverá o profissional Enfermeiro ter a capacitação específica em Ultrassonografia. Por esse motivo, atualmente encontramos profissionais enfermeiros capacitados e que dominam a punção de acesso venoso central de inserção periférica (PICC) em sua prática diária, promovendo assim melhoria contínua do cuidado.
Fato esse muito evidente, por exemplo, nas Unidades de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), onde o Enfermeiro que inserta o cateter PICC quando devidamente capacitado, utiliza o ultrassom em sua punção do referido cateter e com isso garante a redução do número de tentativas de punção no recém-nascido que já possui alta sensibilidade da pele, assegura o correto posicionamento do cateter evitando arritmias cardíacas desnecessárias, infiltração do sítio de inserção e agilidade no início da administração medicamentosa.
Qualificação das equipes no uso do ultrassom para a punção
Há relatos que recém nascidos de muito baixo peso ao nascer são submetidos a uma média de 20 a 26 radiografias durante o período de permanência em UTIN. A redução a esta exposição é uma meta significante, que pode ser obtida com a adoção de protocolos institucionais de inserção que preconizem o uso do ultrassom para punção e verificação da correta localização do cateter.
Portanto, podemos perceber que a capacitação e qualificação de uma equipe multiprofissional engajada, com o uso do ultrassom, trará uma assistência segura e eficaz, reduzindo complicações do procedimento ao paciente, minimizando a carga de trabalho, estresse psicológico e facilitando as práticas rotineiras aos profissionais de saúde.
Autora deste conteúdo: Giselle Morais – Especialista de Produtos da Alfamed
Foto: Aplicação de Ultrassom pela Application Alfamed, Kelly Cardoso.